Denise Pires de Carvalho fala sobre a pós-graduação no Brasil
Em aula inaugural, presidente da Capes e ex-reitora da UFRJ destaca a importância dos programas para o avanço da Ciência

A presidente da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise Pires de Carvalho, ministrou a aula inaugural da pós-graduação na UFRJ. Professora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) e ex-reitora da Universidade, ela discursou sobre o cenário atual da pós-graduação no Brasil e a relevância da pesquisa para o progresso científico e tecnológico do país.
Durante a abertura, Carvalho, emocionada, falou sobre a saudade que sente do trabalho na Universidade, especialmente das salas de aula da graduação.
“Sinto falta da pós-graduação também, claro, mas são os alunos da graduação que me motivam após tantos anos de docência”, disse.
A presidente traçou um panorama da pós-graduação no Brasil, destacando as mudanças nos investimentos no setor nos últimos anos. Segundo ela, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), nos anos 2000, permitiu uma expansão significativa da pós-graduação, com a criação de novos programas tanto nas capitais quanto no interior.

Embora essa expansão tenha impulsionado o aumento de mestres e doutores e o crescimento da produção científica nacional – posicionando o Brasil em 13º no ranking de publicações –, o país enfrentou uma redução no número de estudantes em programas de mestrado, doutorado e pós-doutorado nos últimos anos.
“Esse também é um fenômeno internacional, resultado da crise de financiamento e do questionamento sobre a importância da Ciência e da pesquisa. Diziam que formávamos doutores em excesso, mas isso não é verdade”, explicou.
A pesquisadora ressaltou que o Brasil forma 10 vezes menos mestres e entre 2 e 3 vezes menos doutores do que a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Para ela, embora a divulgação científica seja fundamental para o entendimento público da Ciência, é essencial que os espaços da pós-graduação sejam ocupados, para que a população não apenas compreenda, mas também participe do processo de produção do conhecimento. Dessa forma, a sociedade poderá entender melhor a importância do investimento público na área.
“Não se faz Ciência sem financiamento público”, afirmou.
Carvalho também mencionou as mudanças que a Capes tem implementado para retomar o crescimento da pós-graduação, como o remanejamento de bolsas ociosas, a criação de projetos de parceria e cooperação com outras instituições, o investimento em programas de pós-doutorado, entre outras iniciativas.