Eméritos 2024: Edson Marchiori
Professor da Faculdade de Medicina tem trajetória de destaque na área de Radiologia

Em 2024, seis docentes do Centro de Ciências da Saúde (CCS) receberam o título de professor emérito. A emerência é uma honraria, concedida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, a servidores, sendo considerada uma das mais relevantes na carreira e reconhece a importante contribuição do profissional para o desenvolvimento de sua área.
Segundo a Resolução 01/94 do Conselho Universitário (Consuni), a emerência é privativa — na docência— a professores titulares aposentados que sejam considerados de excepcional relevância para a Universidade. O título também pode ser concedido a técnicos-administrativos em educação que tenham trajetória similar na instituição.
O processo, que deve ser aberto por um membro da unidade à qual o professor é vinculado, segue para instâncias superiores da instituição, que confirmam a importância do servidor para a comunidade acadêmica.
A fim de comemorar a honraria e celebrar a história desses profissionais, o CCS preparou uma série de perfis que contam a trajetória dos professores recém-eméritos na instituição e sua dedicação à ciência e à educação.
Nosso primeiro homenageado é Edson Marchiori, professor aposentado da Faculdade de Medicina, que até hoje é referência na formação de profissionais na área de Radiologia na UFRJ.
Formado em Medicina nos anos 1970 pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Marchiori logo ingressou em especializações, realizando seu mestrado e doutorado na UFRJ nas décadas seguintes. O docente se especializou na área de Radiologia, especialmente com pesquisas sobre o desenvolvimento e acometimento pulmonares.
Foi professor de duas das maiores universidades federais do país: na UFF lecionou entre 1994 e 2011, e na UFRJ entre 1981 e 2023, aposentando-se em seguida e recebendo a emerência em ambas as instituições. Hoje Marchiori ainda atua como professor na UFRJ, realizando a Sessão Semanal de Radiologia do Tórax do Serviço de Radiologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), onde discute casos de pacientes com estudantes e diversos profissionais, como médicos, radiologistas, pneumologistas e patologistas..
Com uma vida dedicada à pesquisa científica e formação de recursos humanos, como o próprio docente define, orientou 116 dissertações de mestrado e 57 teses de doutorado, além de supervisionar estudantes de pós-doutorado e participar de bancas por todo o país.
“Grande parte dos professores de Radiologia das quatro universidades públicas do Rio de Janeiro foram meus alunos, assim como vários professores em outros estados da federação e até mesmo em universidades do exterior”, conta, com orgulho.
Como pesquisador, foram mais de 1.200 publicações em revistas indexadas, grande parte em colaboração com pesquisadores de diversos países e estados brasileiros. Em 2020, foi considerado um dos cientistas mais influentes do mundo pela Universidade de Stanford, em lista publicada na revista científica PLOS Biology.
Marchiori também atuou em atividades administrativas, principalmente na Coordenação de Pós-Graduação em Medicina (Radiologia), onde contribuiu com decisões institucionais e na elaboração de pareceres junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Atualmente o professor ainda se dedica às atividades assistenciais no HUCCF, com discussões de caso realizadas de maneira on-line e posteriormente divulgadas no YouTube, o que permite que o conhecimento seja compartilhado com outros profissionais da área. Dados do site mostram que alguns vídeos já atingiram mais de 10 mil visualizações na plataforma.
Em 2009, o professor ganhou o II Prêmio UFF de Excelência Científica, concedido aos líderes de pesquisa que mais se destacaram em suas respectivas áreas de conhecimento; em 2014 recebeu o título de Professor Emérito pela mesma instituição; No ano seguinte, foi agraciado com a Medalha de Ouro, maior honraria concedida pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Recentemente, em 2024, Marchiori recebeu também o título de emérito pela UFRJ.
“Foi uma alegria muito grande, pelo respeito que tenho pela universidade pública, local onde a meritocracia continua a ser fator predominante. Receber esse reconhecimento dos meus pares foi uma emoção indescritível”, declara.
Ainda atuante, o docente acredita que a educação e a ciência continuam desempenhando um grande papel, mesmo diante dos desafios impostos, e torce por dias melhores em que os cientistas possam ser mais valorizados.
“A universidade pública e a ciência no Brasil resistem ao desmanche feito por sucessivos governos há muitas décadas. Eu lamento profundamente quando vejo o número enorme de cientistas e pesquisadores que deixam o Brasil em busca de melhores condições de trabalho no exterior. Contudo, há muitos professores e pesquisadores que não se rendem e continuam a resistir, mantendo a universidade pública e a ciência vivas no nosso país”, conclui.