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Na vanguarda da Ciência

Cenabio é referência em projetos pioneiros de pesquisa e extensão no Brasil

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Equipe do Cenabio conta com docentes, técnicos-administrativos e alunos | Foto: Artur Moês (CCS/UFRJ)

por:Carolina Correia (CCS/UFRJ)
publicado em: 08/07/2024ultima edição: 09/07/2024

Em 8/7 é comemorado o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico. Para celebrar a data, visitamos o Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio), uma das mais avançadas unidades de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Fundado em 2013, o Cenabio foi criado como um centro de equipamentos multiusuários com uma ampla estrutura para produção de exames de imagem com tecnologias de ponta como microscopia eletrônica avançada, ressonância magnética nuclear, espectrometria e, a aquisição mais recente, criomicroscopia eletrônica. A utilização dos aparelhos é aberta a cientistas de todo o mundo que desejem ter suas pesquisas beneficiadas pelos equipamentos e pela troca com os pesquisadores da UFRJ.

Hoje é dividida em quatro áreas. A primeira é a Unidade de Biologia Estrutural (UBE), que tem como foco o estudo de estruturas proteicas e dinâmicas de amostras realizadas principalmente por meio de espectrômetros com frequência entre 400 e 900 MHz. A segunda é a Unidade de Imageamento de Pequenos Animais (Uipa) que conta com aparelhos de ressonância magnética e tomografia computadorizada, além de um amplo espaço de biotérios.

Já a Unidade de Microscopia Avançada (UMA) é a mais completa plataforma multiusuários na área na América Latina. O espaço é dedicado ao imageamento de espécimes biológicos por variadas técnicas. Por fim, a Plataforma Avançada de Biomoléculas (PAB) é especializada na produção e análise de proteínas e peptídeos.

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Cenabio permite a colaboração entre pesquisadores do Brasil e do mundo | Foto: Artur Moês (CCS/UFRJ)

“Ao longo desses mais de 10 anos, tivemos grandes realizações e uma relevante inserção na vida científica não apenas na UFRJ e no Brasil – mas internacionalmente”, declarou Adalberto Vieyra, professor emérito e diretor do Cenabio. O docente destacou a participação do Centro na rede mundial de estudos que utilizou ressonância magnética para o estudo do Sars-Cov-2. A unidade da UFRJ foi a única instituição do hemisfério sul no projeto.

Colaboração e inovação

O perfil colaborativo e multidisciplinar é umas das principais características do Cenabio. Marcius Almeida, professor do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBqM), diretor de ensino e pesquisa do Cenabio e coordenador do PAB, relembra um trabalho do setor que recebeu bastante destaque durante a pandemia. A unidade trabalhou junto de uma startup na elaboração de kits diagnósticos para a covid-19. A empresa não tinha a estrutura para desenvolver e analisar as moléculas necessárias. O Cenabio, por meio do PAB, auxiliou nesse processo.

“Outro projeto de grande relevância do setor é a produção de um fármaco contra a leucemia infantil, parceria com o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), que em breve deve auxiliar nas demandas do Sistema Único de Saúde (SUS)”, anunciou.

Também professora do IBqM, Ana Paula Valente é diretora da UBE e vem desenvolvendo pesquisas em biomoléculas a partir de ressonância magnética. Um dos principais trabalhos da unidade foi a participação na rede internacional que ajudou a identificar o Sars-Cov-2.

“A ideia da UBE é contribuir para a compreensão do mecanismo de doenças e eventos fisiológicos, com foco nas proteínas. Assim podemos colaborar nos diagnósticos, na fisiopatologia dos organismos e, também, na terapêutica”, explicou Valente.

Diretora da Uipa e professora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), Tais Brunswick conta que a unidade possui equipamentos específicos para produzir imagens de pequenos animais, inclusive com uma plataforma para análise de células com base em diversos parâmetros diferentes. De acordo com ela, isso contribui para diversas áreas de pesquisa.

“Temos um parque tecnológico único no hemisfério sul e contribuímos com diversos trabalhos, como o desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19 que atualmente está em análise junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o diagnóstico de crianças com doenças hematológicas. Mas também estamos presentes para ajudar a responder a perguntas bem diferentes e inusitadas, como o brotamento de flores e a evolução embrionária de sapos”, listou Brunswick.

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Plataforma de criomicroscopia eletrônica é considerada tecnologia mais avançada no Cenabio | Foto: Artur Moês (CCS/UFRJ)

Segundo Kildare Miranda, professor do IBCCF, diretor da UMA e vice-diretor do Cenabio, a grande ambição do Centro é estudar um fenômeno biológico desde o átomo até a análise de um organismo vivo, passando por seus tecidos e células. A UMA implementa as tecnologias de bioimagem e faz a integração entre os estudos.

Responsável pelo equipamento mais moderno da unidade, a criomicroscopia eletrônica, Miranda reforçou que hoje o Cenabio está em um patamar de competitividade internacional em pesquisas avançadas. O aparelho em questão permite a reconstrução tridimensional das células com resolução molecular.

“Essa tecnologia possibilita, por exemplo, que estudemos o desenvolvimento de fármacos percebendo como eles vão interagir com as moléculas, como atuarão na progressão de uma doença, observando dentro da célula. Trata-se de um grande salto para a comunidade científica”, comemorou.

O professor também ressaltou que o Centro vem trabalhando na aplicação das tecnologias de imagem nas ciências biomédicas, principalmente na sua interação com o sistema de saúde e na medicina de precisão. Para ele, o uso dessas ferramentas é importante para o diagnóstico e o tratamento de diversas doenças. Um dos principais exemplos é a análise estrutural de órgãos transplantados.

Com a aproximação com o SUS em mente, o Cenabio vem trabalhando em parceria com o Ministério da Saúde em um projeto piloto que visa à integração entre hospitais e centros de pesquisa em microscopia do país.

“Os hospitais têm equipamentos de grande porte, como ressonâncias magnéticas e tomografias, que atuam bem para grandes escalas. Já em relação a exames de pequena escala, isso ainda é praticamente inexistente. Para alguns diagnósticos, é necessária a aplicação de ferramentas do tipo”, conclui Miranda.

Sem segurança não há pesquisa

Outro setor indispensável para o trabalho desenvolvido no Centro é a Biossegurança. Coordenada pela tecnóloga Tula Celeste, a área atua há mais de 10 anos em parceria com o CCS para a adequação de todos os laboratórios segundo as normativas e diretrizes que permitem um trabalho seguro para os pesquisadores e para o meio ambiente.

Celeste explicou que, como o Cenabio trabalha com biotérios e pequenos animais, é necessário ainda mais atenção a determinados critérios para a realização de pesquisas que sigam as boas práticas preconizadas pela pesquisa científica mundial.

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UBE é especializada em pesquisas com espectômetros | Foto: Artur Moês (CCS/UFRJ)

“Estamos em avaliação contínua do nosso padrão de biossegurança, procurando nos atualizar segundo as normas e nos adaptando a todo tempo”, defendeu.

Para além da pesquisa, a extensão

O Cenabio também vem buscando a aproximação com o grande público por meio de ações de extensão e divulgação científica. Isalira Ramos, tecnóloga e diretora de extensão do Centro, e Kátia Cabral, tecnóloga, atuam com iniciativas que procuram levar a pesquisa para toda a comunidade, a exemplo do Conhecendo o Cenabio, que mistura arte, ciência e educação. E ainda o Café com Ciência que, entre outras atividades, promove o Café Científico, evento voltado para o público interno na UFRJ.

Os projetos de extensão do Centro também incluem a Ciência no dia a dia da educação básica, como, por exemplo, com a construção de um laboratório e uma biblioteca em uma escola de São Pedro da Serra, no interior do Rio de Janeiro, ou, ainda, com a presença constante dos pesquisadores na Escola Municipal Tenente João Antônio, dentro da Cidade Universitária.

Batizada de Potencial ECO, a iniciativa é uma parceria entre o Cenabio, a escola e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), que atua na produção de ecobarreiras com materiais recicláveis para contenção do lixo no manguezal em frente à escola, ajudando a despertar o senso crítico científico da comunidade.

“Temos essa parceria há quase três anos e visitamos a escola quase toda semana, promovendo atividades científicas, levando microscópio, trazendo-os para conhecerem nossas instalações ou outras instituições”, disse Ramos.

Conheça mais sobre as atividades desenvolvidas no Cenabio no site da unidade.