Marca do CCS

Pesquisadores do CCS produzem camundongos geneticamente modificados

Iniciativa do IBCCF utilizou técnica inovadora de edição de DNA

Mãos com luvas seguram um camundongo branco com olhos vermelhos
Técnica utilizada, a CRISPR, permitirá maior autonomia dos pesquisadores da UFRJ | Foto: Artur Moês (CCS/UFRJ)

por:Carolina Correia (Ascom/CCS)
publicado em: 12/12/2024ultima edição: 12/12/2024

Uma equipe do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) e da Coordenação de Atividades com Modelos Biológicos Experimentais (Cambe), parte da Decania do Centro de Ciências da Saúde (CCS), desenvolveu os primeiros camundongos nocaute do Rio de Janeiro. Com uma técnica inovadora, o grupo espera que a pesquisa proporcione maior autonomia para as investigações na área.

O CCS realiza diversas pesquisas em suas unidades que requerem o uso de modelos animais durante seus processos experimentais. Os camundongos nocautes são os principais animais utilizados para estudar doenças e compreender as funções dos genes em contextos abrangentes. Até recentemente, a maior parte dos camundongos precisava ser importada, já que não havia produção local capaz de atender à demanda. Mas isso mudou.

O estudo, que teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), utilizou o CRISPR, técnica de edição genética avançada, para criar os camundongos diretamente na UFRJ. Segundo Marcel Frajblat, professor do Instituto e coordenador do Cambe, com o domínio dessa técnica, os pesquisadores poderão desenvolver animais de forma muito mais ágil e econômica, atendendo às especificidades de cada pesquisa.

“Além disso, os pesquisadores da instituição poderão usar sua criatividade e expertise para projetar modificações genéticas inéditas, que não estão disponíveis em modelos de instituições internacionais. A produção local desses animais representa um avanço tecnológico significativo, garantindo maior autonomia e liberdade", explica.

De acordo com Frajblat, o estudo de modelos animais permite uma compreensão mais profunda do próprio genoma humano. Com aproximadamente 85% de semelhança genética com os seres humanos, o genoma dos camundongos passa por processos semelhantes aos que ocorreriam em nós. Assim, os pesquisadores podem observar e estimar os impactos desses processos para a população.

Pesquisadora paramentada com touca, máscara, luvas e avental manipula caixa transparente com camundongos
Cambe é responsável pela centralização e gestão dos biotérios do CCS| Foto: Artur Moês (CCS/UFRJ)

“Ao utilizar animais geneticamente modificados, removemos ou alteramos um gene específico no camundongo e analisamos os efeitos dessa modificação. Esse processo nos ajuda a compreender a função do gene estudado. Uma vez identificada sua função no camundongo, podemos aplicar esse conhecimento para entender a função correspondente no genoma humano.”

Modelos como esse são amplamente utilizados em pesquisas biomédicas, contribuindo com investigações em áreas como envelhecimento, doenças neurodegenerativas, obesidade, produção de vacinas, câncer, entre outras condições que afetam a saúde humana.

Responsável por centralizar as atividades relacionadas ao uso de modelos animais na UFRJ, o Cambe criou o Laboratório de Inovação em Reprodução Animal (Lira), que atua na produção de modelos animais experimentais. O laboratório foi uma parte fundamental da pesquisa e contou com o trabalho de Caroline Fonseca, médica veterinária e doutoranda, Michelle Guimarães, técnica e mestranda, além do pesquisador Arnon Jurberg.

“Atualmente, há uma demanda reprimida na UFRJ pela criação de novos modelos animais, e o Lira se dedica a atender a essa necessidade, com ênfase na produção de modelos inéditos, ainda inexistentes em outros laboratórios no mundo", conclui.